A misteriosa e mágica quebra de
um tabu
O quanto um
fã de Oasis deve ter sofrido. Digo isto, pois sempre fui um desses indivíduos
que sempre andavam por Santa Maria sob a pena de não poder levantar a mão em
público, sinalizando e mostrando que gostam de Rock and Roll quando tocava sua
banda preferida: Oasis. E vale salientar: raramente tocava. Nós “mad fer it’s”
em minoria sempre éramos fuzilados com olhares e palavras que diziam “como tu
gosta daqueles arrogantes?”.
Cara, nunca
procurei miss simpatia no Rock, apenas admirava aqueles ingleses que não
estavam nem aí para o que falavam, tocavam umas guitarras rasgadas com a voz
mais rasgada ainda, e não precisavam vestir-se esquisitamente. Eu escutava e
via aqueles clipes na MTV e sabia que iria num show dos caras. E fui. Junto com
meu irmão e um certo guitarrista de Santa Maria que também, por acaso, faziam
partes daqueles indivíduos marginalizados roqueiramente. No dia 12 de maio de
2009 em altíssimo êxtase descobri que não éramos poucos, éramos muitos e enlouquecidos
por aquela simpaticamente prepotente banda.
Mas fã de
Oasis sofre. Acaba a tour, acaba a banda. Quem saiu daquele show pensando em ir
em outro o que faz? Escutar os discos e só. Mas o certo guitarrista encontrou
outros “puta” músicos – que acreditem – também eram fanáticos por Oasis e, como
numa misteriosa mágica formaram uma banda tributo capaz de tirar da penumbra os
muitos “mad fer it’s” que existiam na noite Santa-mariense.
A apreensão
por um show cover que me fizesse delirar era grande, e, a pressão sobre o
guitarrista para que eles fizessem algo que se aproximasse daquilo que tínhamos
vivido era maior ainda. O guitarrista é o meu amigo Diego De Grandi que juntou
nada menos que Marcus Molina (roqueiro veterano e responsa de Santa), Batavo
(sem palavras para os solos de guitarra, claramente, provindos do blues) e uma
turma que se não estiveram na fria Manchester, até torcem pro City (Papalia e
Lord Tambor). E me arrepio e lembro daquele primeiro riff de guitarra que
escutei naquela noite.
Lembro que
meu irmão e eu nos olhamos com uns sorrisões e assim como no show do Gigantinho
nos abraçamos numa felicidade, realmente, indescritível. Meu amigo, do começo
ao fim sentia a melhor vibração que as canções do Oasis podem causar. Via
pessoas, que certamente eram aquelas antigas que procuravam miss simpatia ou
bonecas barbies tocando rock nos lançarem aqueles velhos olhares, mas foram poucos
e foram sumindo à medida que o coro de “Stand by me”, “Wonderwall” e, juro, vi
muitos shows naquele lugar, mas igual a “Don’t look back anger” não tinha visto
o público cantar em tamanha sintonia.
O show
terminou ... Ou melhor o show continua há um ano e todo vez que estou numa
apresentação desta banda tributo de Oasis confirmo que o nome Magical Mistery,
certamente, tem muito a dizer, pois como numa misteriosa mágica todo vez que
essa rapaziada esta no palco há algo que faz eu esquecer de todos os meus maus
sentimentos e, é claro não vejo mais olhares de desaprovação por eu ser um
fanático pela banda daqueles ingleses arrogantes. Por isso, neste aniversário
de um ano, peço a Magical Mistery que continue com essa mágica de me fazer
cantar num show e de me fazer ter orgulho de gostar de Rock and Roll.
Fernando Pahim 06/06/2012